Festa da Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França
Em irmandade, somos sonhos ancestrais
Por André Luis Pereira dos Santos
Há na experiência das primeiras comunidades cristãs uma mística importante e bela que se pauta na comunhão dos irmãos. Um modo ancestral do fazer junto, do criar coletivo, do partilhar dos alimentos que define muito bem o modo de conviver que tem se construído na Comunidade do Rosário da Penha. Este olhar cuidadoso, que realiza um movimento que sempre circunda os que vieram antes, os que lá estão e os que ainda virão, é fruto de uma espiral simbólica que representa a abrangência das ancestralidades que tecem os muitos caminhos que levaram até onde estamos.
Somos irmãos e irmãs porque partilhamos do mesmo ventre, simbolicamente representado pela nossa igreja construída em Taipa de Pilão no tempo em que negras e negros tinham seus corpos escravizados. Mãos que, a cada parede erigida, saborearam o prenúncio de uma liberdade tomada a laço em seus tempos livres, em cada paralelepípedo que calça a praça, frutos dos sonhos de mulheres e homens pretos que apontavam para outros modos de se olhar para o mundo e outros modos de tecermos as relações entre as pessoas.
Nossos ancestrais sonharam com tempos de igualdade, com oportunidades mais justas de trabalho, cultura e formação. Nós somos a materialização destes sonhos, mesmo que ainda haja muito chão a ser trilhado. Somos também o elo que liga estes sonhos aos que virão depois de nós, quebrando novas barreiras, preconceitos e opressões, que também serão fruto de nosso sonhar.
No entanto, a força desta comunidade sempre residirá no fato de que imprescindivelmente sonhamos juntos. Podemos até ter divergências e discordâncias, entretanto, a espiral que nos une é tecida pelas ideias, desejos e anseios de cada um e cada uma, que se fundem coletivamente criando expressões de um todo, de um coletivo, de uma irmandade. Esta força é maior do que a somatória das forças individuais porque transpassa, desenhando um futuro que se pauta nos ensinamentos dos que vieram antes, reverenciando a herança de nossos ancestrais.
Artista do cartaz
Amanda Pankill @amandapankill
Abertura da festa
Início da Festa do Rosário
Seguindo seus fundamentos apresentam a possibilidade de reverenciar um dos gêneros mais significativos da música popular brasileira, O Pagode, numa perspectiva de celebração envolvente.
Pastoras do Rosário
é um grupo musical formado a partir de integrantes da Comunidade do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França, na zona leste de São Paulo.
Artesanato, moda e gastronomia Organização EMPERIFA
Atividade tem como intenção criar um ambiente de convivência e coaprendizagem sobre a potência, complexidade e o cultivo de valores da Convivência. A convivência que temos conosco mesmos e com os outros.
Lourdes Alves de Souza
é Mestra em Psicologia Clínica pela PUC-SP, é certificada em Ética, Cultura de Paz e Dinâmicas da Convivência, multiplicadora das metodologias de Diálogo, CNV e Mediação de Conflitos.
EMEF dom Paulo Rolim Loureiro
Esse ano nasce a proposta de Ronaldo Gama de compor com amigos e amigas queridas a trajetória de sua carreira no samba, com o projeto, Gama no Samba, uma roda do samba que será inaugurada no chão sagrado do Rosário e que trará a beleza de clássicos e sambas atuais.
Celebrada pela PAB São Miguel Paulista com Padre Jalmir
Artesanato, moda e gastronomia Organização EMPERIFA
Atividade sobre fundamentos histórico-culturais centro-africanos incorporados, transformados e (re)criados no interior das chamadas irmandades católicas de homens pretos no Brasil desde o século XVII, que salvaguardam o complexo universo de tradições culturais dos chamados reinados, também conhecidos como “congados”.
Rafael Galante
é historiador e etnomusicólogo. Mestre e doutor em História Social pela USP.
No espetáculo acompanhamos um encontro que nunca aconteceu entre cinquenta “meninos velhos” em volta de um poço, onde memória, desejos, medos e sonhos dessas vidas são trazidos à tona. Baseado na trajetória real de 50 meninos órfãos que, entre os anos de 1930 e 1940, foram submetidas, a uma condição sub-humana em longas jornadas de trabalho agrícola e pecuária, em fazendas de membros da Ação Integralista Brasileira, movimento político brasileiro ultranacionalista e conservador.
com Teatro da Conspiração
Primeiro dia do Tríduo que antecede a Coroação dos Reis.
Segundo dia do Tríduo que antecede a Coroação dos Reis.
Atividade infantil
com grupo MÃO NA LUVA
Encerramento do Tríduo com Missa Conga acompanhada da Congada Marujo Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia de Congonhas – MG e Moçambique Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Carmo do Cajuru – MG.
com Dom Zanoni e Coroação dos novos Reis de Festa do Rosário, com atividades ao longo do dia, recebendo Pastorais, Irmandades e vinte grupos entre congadas, moçambiques, marujadas, maracatus, samba de bumbo e jongo.
Artesanato, moda e gastronomia Organização EMPERIFA
com COLETIVO INLESTE FILMES
Terço na Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França
Seis narradores se revezam entre personagens e intérpretes, cruzando o fato histórico com fatos contemporâneos ocorrido em suas vidas ou fatos encontrados nos jornais dos dias de hoje, refletindo sobre a condição de domínio dos corpos escravizados por senhores escravagistas apoiados pelo estado e que, até hoje, esses episódios continuam acontecendo.
com COLETIVO DA REPARAÇÃO
Retinta
Atividade infantil
Brincadeiras com Xirê de Quintal e Lambe-lambe do Besouro Mangangá.
com grupo MÃO NA LUVA
com grupo MÃO NA LUVA
com Jongo dos Guaianás e Tambor de Crioula: Téo Menezes
Artesanato, moda e gastronomia Organização EMPERIFA
Encerramento
Encerramento da Festa do Rosário
Centro Cultural Penha
Largo do Rosário, 20, Penha de França – SP
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França
Largo do Rosário, 4, Penha de França – SP
Labor Florescer
Rua Matusalém Matoso, 40, Penha de França – SP
Largo do Rosário
Largo do Rosário, 4, Penha de França – SP
Memorial Penha de França
Rua Betari, 560, Penha de França – SP
Confira como foi a edição anterior
Em 2023 homenageamos São Benedito, um santo negro que se tornou símbolo da resistência contra a opressão e de luta contra a fome, um farol de esperança para estes tempos difíceis.
Congadas do Brasil
As congadas partem de diversos pontos do país, em uma rede que se une para celebrar a Fé, a ancestralidade, a resistência e também o patrimônio histórico que aqui se mantém desde sua construção.
Coroação
A coroação dos reis desde a primeira edição da festa em junho de 2004, é uma forma de homenagear e reverenciar nossos ancestrais que viveram nesse chão, além de saudar os reis e rainhas que vieram da África.
Os Reis de Festa coroados ficam encarregados de se tornarem os guardiões das coroas e do estandarte da comunidade, representando o grupo dentro e fora da Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França, até que no ano seguinte as coroas e o estandarte sejam passadas a um novo casal, também escolhido e nomeado pela comunidade. Não há coroações perpétuas (Reis de Congo) na Comunidade, uma vez que esta tradição depende de uma continuidade familiar.
Mais de 20 anos da nossa festa contados a partir dos cartazes